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Thoth: da Atlântida ao Kemet

Thoth: da Atlântida ao Kemet

A Jornada Mítica do Mestre de Sabedoria


THOTH,  o Atlante, mestre dos mistérios, guardião dos registros, rei-sacerdote e mago.                                    Imagem do Sol da Alvorada criada por i.a.
THOTH,  o Atlante, mestre dos mistérios, guardião dos registros, rei-sacerdote e mago. Imagem do Sol da Alvorada criada por i.a.

Introdução


Muito antes das dinastias faraônicas se erguerem sob o sol do Nilo, e muitos séculos antes que o nome "Egito" ecoasse entre os povos da Terra, já se contava uma história ancestral — um legado sussurrado nas câmaras ocultas dos iniciados e preservado nas tábuas imortais do tempo. Trata-se da jornada de Thoth, também conhecido como Tehuti, o arquétipo do mestre iluminado, senhor da linguagem sagrada, da geometria cósmica e da lei universal. Sua origem, segundo as tradições herméticas e esotéricas, remonta à enigmática Atlântida — não apenas como um lugar mítico, mas como um estado de consciência superior, onde ciência, espiritualidade e natureza viviam em perfeita harmonia.


THOTH foi filho de "THOTME, guardião do grande templo em UNDAL, elo entre os Filhos da Luz que habitavam dentro do templo e as raças dos homens que habitaram as dez ilhas. Porta-voz, depois dos Três, do Residente do UNAL, falando aos Reis com a voz que precisa ser obedecida." - DOREAL, M. (década de 1940/1950). As Tábuas de Esmeralda de Thoth, o Atlante (Tábua I: A História de Thoth, o Atlante).
THOTH foi filho de "THOTME, guardião do grande templo em UNDAL, elo entre os Filhos da Luz que habitavam dentro do templo e as raças dos homens que habitaram as dez ilhas. Porta-voz, depois dos Três, do Residente do UNAL, falando aos Reis com a voz que precisa ser obedecida." - DOREAL, M. (década de 1940/1950). As Tábuas de Esmeralda de Thoth, o Atlante (Tábua I: A História de Thoth, o Atlante).

"Grande era meu povo nos antigos dias, grande além da concepção do pequeno povo agora em torno de mim; conhecendo a sabedoria dos tempos remotos, procurando fundo no coração do infinito o conhecimento que pertenceu aos primórdios da Terra. Sábios nos tornamos com a sabedoria dos Filhos da Luz que habitou entre nós. Fortes nos tornamos com o poder tirado do fogo eterno." - DOREAL, M. (década de 1940/1950). As Tábuas de Esmeralda de Thoth, o Atlante (Tábua I: A História de Thoth, o Atlante).


A tradição oculta traça, assim, uma trajetória lendária de Thoth, que vai desde os últimos dias da Atlântida até sua chegada às terras do Kemet, a antiga designação do Egito. Em meio ao colapso da civilização atlante, Thoth não apenas sobreviveu, mas carregou consigo o fogo da sabedoria primordial, tornando-se guardião dos Mistérios Eternos e semeador de uma nova era de luz. Essa jornada, revestida de símbolos, mitos e códigos espirituais, não é apenas o deslocamento de um ser histórico, mas a encarnação de um propósito cósmico: transmitir o saber que liberta, elevar a consciência humana e preparar a Terra para um novo ciclo de evolução.


Foi nesse percurso iniciático que Thoth fundou a lendária Escola de Mistérios do Olho de Hórus, centro de aprendizado esotérico e espiritual que moldaria o alicerce das tradições sacerdotais do Egito e de tantas outras culturas ancestrais. Sua jornada é, portanto, mais que uma narrativa: é uma chave simbólica de transformação interior, onde a sabedoria transcende a queda dos mundos, perpetuando-se através do tempo, dos símbolos e da luz que ainda hoje desperta os que buscam o conhecimento sagrado.


1. A Atlântida e a Eterna Imortalidade


Imagem representando o Grão-Mestre THOTH, o Atlante, na grande cidade de KEOR, na ilha de UNDAL.                           Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Imagem representando o Grão-Mestre THOTH, o Atlante, na grande cidade de KEOR, na ilha de UNDAL. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

“Eu, THOTH, o Atlante, mestre dos mistérios, guardião dos registros, rei poderoso, mago, vivendo de geração em geração, estando prestes a passar para os Salões de Amenti, estabeleci, para a orientação daqueles que virão depois, estes registros da poderosa sabedoria da Grande Atlântida... Na grande cidade de KEOR, na ilha de UNDAL, em um tempo distante, comecei esta encarnação. Não como os pequenos homens da era atual, os poderosos da Atlântida viveram e morreram, mas sim, de éon em éon, eles renovaram sua vida nos Salões de Amenti, onde o rio da vida flui eternamente.”DOREAL, M. (década de 1940/1950). As Tábuas de Esmeralda de Thoth, o Atlante (Tábua I: A História de Thoth, o Atlante).



Imagem ilustrando THOTH, o Guardião dos Registros.                                                            Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Imagem ilustrando THOTH, o Guardião dos Registros. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Segundo a Tábua das Esmeraldas, atribuída a Hermes Trismegisto — aspecto helenizado de Thoth — ele teria sido, originalmente, um “rei-sacerdote atlante”, imortal, senhor de sabedoria antediluviana e construtor da Grande Pirâmide, antes mesmo da era faraônica. Diz o documento:


“Itaque vocatus sum Hermes Trismegistus, habens tres partes philosophiae totius mundi.”


“Fui chamado Hermes Trismegisto, possuidor das três partes da filosofia de todo o mundo.” - Tábua de Esmeralda, verso 14.



A lenda afirma que ele participou ativamente da construção da Grande Pirâmide de Gizé, incorporando nela o conhecimento arcano da Atlântida e criando um templo transmitidor de frequências cósmicas. Esse legado, preservado nas “Tábuas de Esmeralda”, transmite que Thoth manteve sua consciência mesmo após o cataclismo atlante. Sobre a Esfinge, da mesma forma

[...] erigi um marcador na forma de um leão e ainda assim como a de homem. E lá sob a imagem ainda descansa [...] Profundamente sob a imagem jaz meu segredo. Procura e encontras na pirâmide que construí. - Tábua de Esmeralda, Tábua 5, o Residente de Unal.



Imagem ilustrando a Esfinge. Segundo a tábua das esmeraldas, o monumento foi criado pelo Guardião dos Registros, para proteger a biblioteca dos registros ancestrais de outras Eras da Terra.                                                                  Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Imagem ilustrando a Esfinge. Segundo a tábua das esmeraldas, o monumento foi criado pelo Guardião dos Registros, para proteger a biblioteca dos registros ancestrais de outras Eras da Terra. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

O salão dos manuscritos antigos está escondido sob a esfinge. Se forem encontrados, toda a história do mundo e da humanidade parecerá palha ao vento, porque a sabedoria secreta da Atlântida e de vérias outras Eras e raças da terra está registrada por Thoth nessa biblioteca. Embora tradicionalmente atribuída ao faraó Quéfren (c. 2500 a.C.), há teorias que sugerem que sua origem remonta a uma civilização muito mais antiga, devido aos sinais de erosão hídrica em sua base — possivelmente de um período anterior ao deserto do Saara. O verdadeiro propósito da Esfinge também permanece incerto: teria sido um guardião espiritual, um observador astronômico ou um símbolo iniciático? Muitos textos esotéricos mencionam passagens secretas sob a Esfinge que conduziriam a câmaras ocultas com registros atlantes ou sabedorias ancestrais. Seu rosto erodido gera debates sobre quem realmente representaria, levantando hipóteses que incluem reis desconhecidos ou até figuras simbólicas. Assim, a Esfinge continua a guardar, em silêncio, os mistérios de um passado talvez ainda não revelado.


Imagem representando o Grão-Mestre THOTH, o Atlante.                                                               Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Imagem representando o Grão-Mestre THOTH, o Atlante. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

A narrativa sugere que Thoth teria vivido por dezenas de milhares de anos, sendo tanto mensageiro dos deuses quanto emissário da Atlântida. Os escritos explicam que ele se tornou imortal, não por ostentar um poder artificial, mas por haver dominado a consciência cósmica e ultrapassado os limites da matéria. Sua permanência nos Salões de Amenti, reino subterrâneo de renovação, simboliza essa vitória sobre o tempo e a morte.


Em seus textos, Thoth lembra-se da Atlântida com saudade, descrevendo a civilização antes da queda como “iluminada”, brilhando contra as trevas. Contudo, alertava que o conhecimento sagrado, entregue aos indignos, leva ao desastre — uma metáfora da queda moral que culminou no afundamento do continente. Por meio dessas palavras, ele personifica a função alquímica da palavra viva, capaz de transformar e resgatar.

“A verdadeira alquimia é a ciência da alma e da consciência, e sua pedra filosofal é a mente purificada pelo espírito.”— HALL, Manly P., The Secret Teachings of All Ages (1928).

Os últimos dias da ilha de UNDAL, na Atlântida, o Grão-Mestre THOTH reunia alguns discípulos para a grande viagem para as terras de KHEM.                                        Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Os últimos dias da ilha de UNDAL, na Atlântida, o Grão-Mestre THOTH reunia alguns discípulos para a grande viagem para as terras de KHEM. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Ainda assim, Thoth preservou o arcano da Atlântida. Ele teria escapado do apocalipse cumprindo uma missão iniciática, protegido pelos guardiões dos mistérios. O símbolo do Templo de Luz, erguido durante a destruição, representa o poder da consciência que sobrevive à calamidade, título de prelúdio para sua chegada ao Egito.


Determinado a salvar os registros da Atlântida, Thoth embarcou em uma missão de preservação espiritual: reuniu discípulos, escolheu emissários leais e abandonou seu corpo por meio de projeção consciente. Assim, partiu para o Egito antigo como um farol vivo de sabedoria, encarregado de semear nos homens o despertar da alma.



Grão-Mestre THOTH entre os filhos de KHEM, no KEMET (EGITO).                                         Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Grão-Mestre THOTH entre os filhos de KHEM, no KEMET (EGITO). Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Ao desembarcar no “terreno dos filhos de Khem” (nome ancestral do Egito), Thoth trouxe consigo os instrumentos do conhecimento: os registros sagrados, as técnicas de meditação cósmica e os fundamentos da escrita hieroglífica. Tal ato tornou-se o alicerce das tradições iniciáticas egípcias — a base do que seria a sociedade sacerdotal de Hermópolis.


“Hermes ensinou que a alma do homem é um espelho do cosmos, e quem conhece a si mesmo, conhece os deuses.”— Albert Pike, Morals and Dogma (1871).





A aura de Thoth Atlante atravessa o tempo. Ele se transforma, em passado e futuro, em Enoque bíblico ou Merlin medieval — mensageiros da Luz que portam os códigos sagrados da consciência. A lenda permanece viva como um convite ao despertar interior e à jornada oculta da alma.


Tal atribuição coloca Thoth como guardião dos registros ocultos da Atlântida, depositados nas Galerias de Amenti, onde a morte já não tinha domínio sobre ele. Seu legado seria transmitido por sacerdotes fiéis ao mistério da duração e da imortalidade.


2. A Chegada de Thoth à Terra de Khem


Após o colapso da Atlântida, Thoth partiu com seus seguidores rumo ao nascente vale do Nilo, então habitado por povos ainda mergulhados em práticas xamânicas e cultos naturais. Ali, Tehuti, como passou a ser chamado, fundou os primeiros círculos de mistérios, onde o saber era transmitido apenas aos iniciados. Sua chegada ao Egito é descrita nas Tábulas de Esmeralda como o renascimento de uma nova era de luz sobre a Terra: “Desci da noite estrelada e me fiz homem, a fim de guiar os homens para a Luz”.


“Desci da noite estrelada e me fiz homem, a fim de guiar os homens para a Luz e afastá-los das sombras da ignorância.” - Thoth, a Tábua de Esmeralda (Tabula Smaragdina)
THOTH, Senhor do Tempo e da Escrita.         Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
THOTH, Senhor do Tempo e da Escrita. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Com ele, vieram os conhecimentos de astronomia sagrada, medicina vibracional, geometria divina e linguagem simbólica. O dom da escrita, que os egípcios chamaram de Medu Netjer (as “Palavras dos Deuses”), foi revelado por Tehuti como ponte entre o mundo físico e o espiritual. Nascem então os primeiros templos de Sabedoria: lugares não apenas de culto, mas de transformação interior, espelhos do macrocosmo no plano humano. Em Hermópolis Magna, ele foi venerado como o Senhor do Tempo e da Escrita.


Tehuti também ensinou a Lei do Uno, o princípio de que tudo emana de uma única Fonte criadora, ideia que influenciaria as escolas herméticas, platônicas e cristãs primitivas. No Egito, ele passou a ser representado como um homem com cabeça de íbis ou como um babuíno — ambos associados à vigilância e ao cálculo celeste. Nessas imagens simbólicas, estava contido o sentido profundo de seu papel: o mediador entre os mundos, o contador dos dias e das estrelas, aquele que media o coração dos homens na balança de Maat.


“Thoth é o deus da razão, da escrita e do conhecimento, que traça com exatidão os caminhos do céu e regula o tempo dos homens e dos deuses.” - Plutarco, De Iside et Osiride

Além de legislador espiritual, Thoth também foi mestre da resurreição iniciática. Segundo as lendas, ele dominava os ciclos da reencarnação e podia conduzir almas no mundo subterrâneo, o Duat. Seu conhecimento sobre os portais da morte e da vida fez dele guia dos mortos e juiz dos vivos. Nessa condição, influenciou diretamente a tradição dos livros funerários, especialmente o Livro dos Mortos, no qual aparece ao lado de Osíris e Anúbis como aquele que escreve o destino da alma segundo a verdade e a justiça.


“Thoth está diante da balança de Maat, registrando com exatidão o peso do coração do falecido em relação à pena da Verdade.” - E. A. Wallis Budge, The Egyptian Book of the Dead, 1895
Escola de Mistérios.                      Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Escola de Mistérios. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

No documentário O Olho de Hórus, a Escola de Mistérios é retratada como uma instituição sacerdotal que, desde a Atlântida, transmitia conhecimentos espirituais através de templos, pirâmides e iniciações profundas:


  • Eram “enciclopédias vivas” que transmitiam os segredos do universo de geração em geração;

  • Promoviam a evolução espiritual via reencarnação e a iluminação como estágio final do processo;

  • Utilizavam câmaras piramidais para focar energias telúricas e induzir estados expandidos de consciência.


Assim, Thoth seria o iniciador dessa tradição iniciática que moldou a consciência dos sacerdotes egípcios.

 

3. Os Mistérios Herméticos e a Escola de Luz


THOTH, mestre de magia.                                  Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
THOTH, mestre de magia. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Thoth não fundou apenas uma civilização, mas um sistema de iniciação espiritual. A ele é atribuída a origem da chamada “Escola de Mistérios do Olho de Hórus”, cujo símbolo sagrado representa a totalidade da consciência desperta, os poderes latentes do ser humano e sua jornada de retorno à luz. Os sacerdotes dessa escola não apenas estudavam o mundo, mas buscavam dominá-lo espiritualmente, elevando-se acima da matéria por meio da heka (ḥkꜣ), Magia, a ciência do espírito, e do sekhem, a força vital universal. Neles, encontram-se doutrinas como a correspondência entre o microcosmo e o macrocosmo, a unidade entre mente e matéria e o poder criador do pensamento. A máxima hermética “Assim como é em cima, é embaixo” tornou-se um princípio fundamental do esoterismo ocidental.



Imagem ilustrando a Lei de Correspondência.                         Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Imagem ilustrando a Lei de Correspondência. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

“O que está embaixo é como o que está em cima, e o que está em cima é como o que está embaixo, para realizar os milagres de uma só coisa.” - Corpus Hermeticum, Libellus II – Poimandres


Essa máxima hermética expressa o princípio da correspondência, uma das leis fundamentais do esoterismo. Ela afirma a conexão íntima entre o microcosmo (homem, corpo, mente) e o macrocosmo (universo, cosmos, divindade). Com isso, sugere que compreender a si mesmo é desvendar o funcionamento do todo. O "milagre de uma só coisa" refere-se à unidade essencial da existência. Essa frase tornou-se pedra angular de escolas iniciáticas, alquímicas e cabalísticas.

“As Pirâmides, e sobretudo a Grande Pirâmide, não foram construídas para servir de tumbas reais. Elas encerram o simbolismo da iniciação universal.”— BLAVATSKY, H. P. (1888), A Doutrina Secreta.

Graus dos Mistérios, a Hierarquia Cósmica.  Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Graus dos Mistérios, a Hierarquia Cósmica. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Esses Mistérios eram transmitidos por graus sucessivos, cada um revelando leis universais e chaves ocultas da criação. Tais ensinamentos foram condensados mais tarde nos textos conhecidos como Corpus Hermeticum, atribuídos a Hermes Trismegisto — a face grega de Thoth.


No centro da tradição hermética está a ideia de que o homem é um ser duplo: mortal no corpo, mas imortal na alma. Por isso, o conhecimento verdadeiro — gnosis — não é apenas racional, mas iniciático: um reencontro direto com a luz interior.




“Thoth é o arquétipo do mestre-instrutor, o símbolo universal da mente iluminada e da verdade transcendental.” - Manly P. Hall, The Secret Teachings of All Ages (1928)

 

Manly P. Hall reconhece Thoth como um símbolo transcendente, não apenas histórico, mas arquetípico. Ele representa o ideal do instrutor espiritual, aquele que conduz do mundo das sombras à luz do conhecimento. A mente iluminada a que se refere não é apenas intelectual, mas desperta — capaz de perceber a verdade por trás das aparências. Thoth, nesse contexto, é um canal da sabedoria divina, não apenas um personagem mitológico. Ele encarna o potencial oculto da consciência humana.


“Hermes ensinou que a alma do homem é um espelho do cosmos, e quem conhece a si mesmo, conhece os deuses.” - Albert Pike, Morals and Dogma (1871)
Ilustração mostrando a dimensão reflexiva da alma humana.                                                                 Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Ilustração mostrando a dimensão reflexiva da alma humana. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Albert Pike destaca a dimensão reflexiva da alma humana como imagem do cosmos. Essa visão propõe que o autoconhecimento não é apenas um exercício psicológico, mas um ato sagrado que revela o divino. Conhecer-se a si mesmo torna-se, então, uma via de ascensão espiritual, pois o homem contém em si o reflexo das leis universais. Essa é a essência da tradição hermética: o universo inteiro habita em miniatura dentro de cada ser humano. Thoth ensinava isso como chave de acesso à imortalidade.





O poder sagrado reacendendo a centelha divina, a flâmula do espírito divino em nós.                          Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
O poder sagrado reacendendo a centelha divina, a flâmula do espírito divino em nós. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Thoth ensinava que cada homem carrega dentro de si uma centelha divina, que pode ser reacesa pelo poder do saber sagrado. Essa centelha era chamada de Ba (alma individual) e sua liberação marcava o renascimento do iniciado como um ser iluminado.


A Escola de Luz guiada por Thoth estabeleceu os alicerces das futuras tradições esotéricas: dos oráculos gregos aos alquimistas medievais, dos cabalistas judaicos aos magos renascentistas. Sua influência é visível em escolas como a pitagórica, a platônica e, posteriormente, a rosa-cruz. O mistério de sua sabedoria não estava em fórmulas mágicas, mas na arte de purificar a mente e alinhar a vontade humana à Vontade do Todo. Thoth, como mestre, não era adorado — era seguido.


A lenda afirma que Thoth chegou à terra do Kemet após o cataclismo atlante, trazendo consigo tecnologias avançadas e sabedoria ancestral:


“A terra de Khem foi irrigada pela chuva da Minha Sabedoria... erigi sobre ela a Grande Pirâmide, porta de Amenti”.

Essa citação apresenta a sabedoria de Thoth como uma espécie de “chuva sagrada”, símbolo da fertilização espiritual da Terra de Khem (Egito). Ele não apenas fundou cidades, mas codificou os mistérios do espírito em monumentos como a Grande Pirâmide, vista aqui como um portal iniciático — a Porta de Amenti. A Pirâmide não é apenas uma estrutura física, mas um instrumento de conexão com outras dimensões da consciência. Assim, Thoth é retratado como o arquiteto da ponte entre mundos. Seu papel foi ensinar escrita, astronomia, magia e ordem social — fundando uma civilização com base nos conhecimentos dos mistérios do céu e da terra.


“O tempo é a imagem da eternidade, e o movimento das estrelas é o testemunho do eterno.” - Hermes Trismegistus, Corpus Hermeticum, Libellus IX

Esta máxima revela a perspectiva hermética sobre o tempo e o cosmos: o tempo, embora ilusório na matéria, reflete a eternidade divina. O movimento dos astros, para Hermes/Thoth, não é apenas mecânico, mas simbólico — um espelho dos ritmos eternos. Dessa forma, o estudo da astrologia e da astronomia torna-se um caminho espiritual. A ordem celestial inspira a ordem terrestre, e Thoth seria o transmissor dessa harmonia cósmica aos homens.

 

4. Thoth e o Tempo: Guardião dos Ciclos Cósmicos


Guardião dos Ciclos Cósmicos                           Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Guardião dos Ciclos Cósmicos Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Thoth não era apenas o escriba dos deuses — ele era o regente do tempo e dos ciclos cósmicos. Era conhecido como aquele que "contava os dias", que media as fases da lua e mantinha a ordem das estações e dos movimentos celestes. Sua relação com o tempo não era linear, mas simbólica: via o tempo como espiral, onde passado, presente e futuro coexistem num eterno retorno. Ele ensinava que o verdadeiro iniciado deve conhecer o tempo, mas não ser seu prisioneiro.


Foi ele quem estabeleceu o calendário sagrado dos egípcios e presidia os rituais de passagem, onde a alma atravessa os véus do tempo rumo à eternidade. Os antigos diziam que Thoth criou o primeiro relógio, que não era feito de engrenagens, mas de silêncio e intuição.

 

Ilustração mostrando a renovação da humanidade a cada ciclo de 12 mil anos.           Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
Ilustração mostrando a renovação da humanidade a cada ciclo de 12 mil anos. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Os textos herméticos ensinam que cada ciclo de 12 mil anos representa um novo amanhecer para a humanidade, e Thoth, como mestre do tempo, surge em cada novo ciclo para reacender a chama do saber.


“Nos Salões de Amenti descansei os ciclos, os guardiões da luz me cercaram, em silêncio, esperando meu despertar.” - Thoth Atlante, Tábua de Esmeralda IV






Na tradição atlante, conforme revelado nas Tábuas de Esmeralda, Thoth menciona os “Salões de Amenti”, um espaço extradimensional onde ele repousa entre as encarnações, aguardando o momento certo de retornar. Esses salões não estão num lugar físico, mas num plano onde o tempo não corre, e onde os mestres ascensionados mantêm viva a memória da luz primordial. Esse conceito mais tarde seria assimilado pelo hermetismo e por correntes esotéricas como os Rosa-Cruzes e a Teosofia.


“Para os antigos egípcios, o tempo era geometria espiritual: uma música sagrada que Tehuti regia com precisão divina.” - R.A. Schwaller de Lubicz, O Templo do Homem (1957)

Compreender o tempo, segundo Thoth, é libertar-se da ilusão da morte. Como diz uma das passagens do Corpus Hermeticum, “o tempo é a imagem móvel da eternidade”. Para ele, a alma é eterna e encarna repetidamente até que desperte para sua origem divina. Ao entender os ciclos e respeitar os ritmos da natureza, o homem encontra harmonia com o cosmos. O iniciado não teme o tempo — ele o cavalga como um barco no Iteru (Nilo), o rio físico e celeste.

 

Thoth, portanto, legou à humanidade egípcia os fundamentos mais elevados e duradouros de sua civilização:


1. Criação da Escrita (Medu Netjer) - Thoth é considerado o inventor da escrita hieroglífica egípcia, chamada "palavras divinas" (medu netjer). Ele era o escriba dos deuses, registrando os eventos cósmicos e humanos. A escrita, vista como uma forma de magia, tornou-se um dos pilares da cultura egípcia, como os ensinamentos da ajuda na ressurreição de Osíris (como registrado nos Coffin Texts). O estabelecimento das tradições esotéricas no Kemet, base para escolas como a do Olho de Hórus. A Tábua das Esmeraldas — atribuída a ele — que sintetiza os sete princípios herméticos, tais como: “O Todo é Mente”, “Como acima, assim embaixo” e “Lei do Ritmo”.


2. Fundamento das Leis Cósmicas e Morais - Thoth foi associado à criação das leis do universo, sendo o patrono da ordem cósmica (Ma'at), da justiça, da verdade e da balança moral. No julgamento das almas (Livro dos Mortos), ele registra o peso do coração em relação à pena da Verdade.


3. Ciência, Astronomia e Calendário - Calendário solar de 365 dias; Movimentos celestes e fases da lua; Ciclos cósmicos e medição do tempo sagrado - Ele era o regente do tempo, conectando eventos terrenos aos ritmos do cosmos.


4. Medicina, Magia e Alquimia - Thoth foi tido como mestre de hekau (magia sagrada), cura vibracional, alquimia espiritual e transmutação da alma. Muitas fórmulas mágicas e práticas terapêuticas eram atribuídas aos seus ensinamentos.

 

5. Transmissão da Sabedoria Atlante - Na tradição esotérica, Thoth teria vindo da Atlântida, após seu colapso, trazendo consigo os registros do saber primordial. Ele fundou templos iniciáticos e legou conhecimentos sobre:

  • Arquitetura sagrada (Pirâmides, Esfinge)

  • Geometria divina

  • Mistérios da alma e da reencarnação


6. Os Salões de Amenti e os Registros Akáshicos - Thoth seria o guardião dos Salões de Amenti, uma dimensão onde se armazenam os registros de todas as eras e almas. Essa ideia influenciou a noção moderna dos Registros Akáshicos, como arquivos etéricos do passado, presente e futuro da humanidade.


 7. Tradição Hermética - Na fusão entre Egito e cultura grega, Thoth tornou-se Hermes Trismegisto, e seu legado resultou na filosofia hermética, base de escolas esotéricas, alquímicas, rosacruzes e gnósticas. Ele ensinou:

  • "O Todo é Mente"

  • "Assim como é em cima, é embaixo"

  • A unidade entre microcosmo e macrocosmo


5. A Herança Hermética e o Legado Perene


“Hermes Trismegistus foi visto no Renascimento como a ponte entre a sabedoria dos antigos e o novo mundo que surgia da redescoberta do oculto.” - Frances A. Yates, Giordano Bruno and the Hermetic Tradition (1964)

O Guardião dos conhecimentos, a Herança Hermética e o Legado Perene.                          Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
O Guardião dos conhecimentos, a Herança Hermética e o Legado Perene. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

A figura de Thoth sobreviveu não apenas nos muros dos templos egípcios, mas também na filosofia oculta do mundo greco-romano. Sob o nome de Hermes Trismegisto — o “Três Vezes Grande” — ele se tornou o patrono da tradição hermética, que propunha uma síntese entre ciência, misticismo, alquimia e ética espiritual. Seus ensinamentos formaram a base de textos como o Corpus Hermeticum e a Tábua de Esmeralda, que seriam redescobertos no Renascimento, influenciando pensadores como Marsilio Ficino, Giordano Bruno e Isaac Newton.


O hermetismo compreende o universo como mente, luz e vibração, princípios diretamente relacionados a Thoth. Como senhor da palavra criadora (medu netjer, “as palavras de deus”), ele revelava que tudo o que é dito com verdade molda a realidade. É por isso que, para os antigos, a escrita era uma forma de magia e o conhecimento, uma forma de libertação. Cada hieróglifo carregava poder espiritual, e Tehuti era o guardião desse alfabeto cósmico.


“Aquilo que está embaixo é como o que está em cima, e o que está em cima é como o que está embaixo, para realizar os milagres de uma única coisa.” - Tábua de Esmeralda (versão árabe medieval)

Seu legado também ecoa na alquimia e nas tradições rosacrucianas, onde Hermes/Thoth é visto como o primeiro alquimista. A Tábua de Esmeralda — atribuída a ele — declara: "O que está embaixo é como o que está em cima", articulando a base do princípio da correspondência, um dos sete princípios herméticos. Esse ensinamento simboliza a unidade entre microcosmo e macrocosmo, entre o ser humano e o universo, entre corpo e espírito, matéria e mente.


“Thoth permanece como o mestre silencioso, aguardando o despertar de uma nova era para novamente instruir os homens.” - Manly P. Hall, Os Ensinamentos Secretos de Todas as Eras (1928)

Por fim, o legado de Thoth se perpetua como uma corrente viva de conhecimento oculto, que sobrevive nas escolas iniciáticas, nas ordens esotéricas e nos buscadores sinceros. Ele não é apenas uma figura do passado mítico, mas um arquétipo ativo — o mestre interior que guia aqueles que procuram a luz no coração das trevas. Como afirmam os textos, "Quando os discípulos estiverem prontos, ele surgirá do silêncio dos Salões de Amenti e falará novamente com a humanidade."


Conclusão:

A Presença Eterna do Mestre da Sabedoria


THOTH, Mestre da Sabedoria                              Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
THOTH, Mestre da Sabedoria Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

A trajetória mítica de Tehuti, desde sua origem atlante até sua consagração como Thoth no Egito, constitui uma das mais grandiosas heranças espirituais da humanidade. Sua presença atravessa eras e culturas, não apenas como uma divindade civilizadora, mas como o arquétipo do conhecimento iluminador — o Logos, o Sábio, o Escriba da Criação. Seja como engenheiro de civilizações, legislador dos deuses ou senhor dos registros akáshicos, ele simboliza o elo entre a mente humana e a inteligência cósmica.


Mais do que uma figura mitológica, Thoth é uma linguagem viva, um código de sabedoria perene, sempre disponível àqueles que buscam a verdade com humildade e perseverança. Os Salões de Amenti, sua morada simbólica, não estão apenas no submundo esotérico, mas também no interior do ser — lá onde o espírito recorda, cura e ascende. Por isso, sua presença é invocada ainda hoje por filósofos herméticos, alquimistas espirituais, ocultistas e buscadores.


O mediador entre as estrelas e os homens.       Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.
O mediador entre as estrelas e os homens. Imagem própria do site Sol da Alvorada criada por i.a.

Seu legado é múltiplo: filosófico, ético, cosmológico e iniciático. Ele atravessa os papiros de Dendera, os hinos a Amon-Rá, os textos herméticos de Alexandria, as ordens místicas da Idade Média e as escolas de mistério do presente. Em todas, seu ensinamento é claro: o verdadeiro poder nasce do autoconhecimento, e a verdadeira luz reside dentro daquele que se entrega ao silêncio e à disciplina da sabedoria.


Tehuti/Thoth, portanto, permanece. Ele é o tempo e o escriba do tempo, o mediador entre as estrelas e os homens, o senhor das cifras e da clareza. Seu nome é gravado em pedra e em espírito, e sua palavra — como os hieróglifos sagrados — pulsa eternamente no coração de Kemet, a Terra Negra da Sabedoria. Que seus ensinamentos continuem a inspirar aqueles que, como ele, caminham entre mundos em busca da verdade última.


Um excelente estudo para todos na busca pela sabedoria profunda!



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Amor, Luz e Paz Sempre!

Salve a Grande Luz!


Ruan Fernandes

Equipe Sol da Alvorada



Referências:


BUDGE, E. A. Wallis. The Egyptian Book of the Dead: The Papyrus of Ani. New York: Dover Publications, 1895.

CORPUS Hermeticum. Poimandres, Libellus II e IX. Traduções diversas. Disponível em versões online e impressas em edições herméticas. Tradução e organização variam.

DOREAL. As Tábuas de Esmeralda de Thoth, o Atlante. [S.l.]: Brotherhood of the White Temple, [1940–1950]. (Obra atribuída a Maurice Doreal). Traduções e reedições modernas em domínio público.

HALL, Manly P. The Secret Teachings of All Ages. Los Angeles: The Philosophical Research Society, 1928.

HALL, Manly P. Os Ensinamentos Secretos de Todas as Eras. São Paulo: Pensamento, [edição brasileira, data variada].

HERMS TRISMEGISTUS. Tábua de Esmeralda. Tradução da versão árabe medieval. Diversas edições. Trad. e org. variáveis. Texto também encontrado em: Corpus Hermeticum.

LUBICZ, R. A. Schwaller de. O Templo do Homem. São Paulo: Madras, 2005. (Original: Le Temple de l’Homme, 1957).

PIKE, Albert. Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry. Charleston: Supreme Council of the Thirty-Third Degree, 1871.

PLUTARCO. De Iside et Osiride. Tradução e edição variáveis. Obra clássica, disponível em edições bilíngues (grego-português/latim).

YATES, Frances A. Giordano Bruno and the Hermetic Tradition. Chicago: University of Chicago Press, 1964.

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